UM HOMEM CHAMADO ABRAÃO

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Roma Downey e Mark Burnett
Abrão está sozinho no topo de uma colina a partir da qual consegue enxergar por quilômetros de distância em todas as direções. Ele está construindo um altar para louvar a Deus. Pedra por pedra, ele se põe a erguê-lo, mergulhado na meditação silenciosa do trabalho. Pode ver as tendas de seu povo no vale quase vazio mais abaixo, os rebanhos se recolhendo para a noite, os grandes bosques. Também vê Ló e sua tribo ao longe, seguindo seu caminho rumo ao leste, na direção de Sodoma.
É um momento triste. A luz vermelha do crepúsculo banha toda a vasta região. Abrão suspira. Ele ama aquela terra que Deus lhe deu, e se delicia com suas muitas belezas. Deus tornou a falar com ele depois que Ló foi embora, e Abrão O ouviu como um servo obediente.
– Erga seus olhos de onde está e lance seu olhar para norte, sul, leste e oeste. Toda a terra que vê, Eu a darei a você e aos seus descendentes para todo o sempre.
Abrão fez conforme Deus mandou, e construir o altar para oferecer um sacrifício é uma maneira de agradecer-Lhe. Mas seu coração continua em grande conflito. Ele se sente profundamente perturbado pela partida de Ló e pelo fato de Sarai ter voltado a adorar ídolos de fertilidade. Dúvidas sobre sua capacidade de liderança o atormentam todos os dias.
Para Abrão, ser escolhido por Deus tinha parecido uma bênção. Mas agora ele sabe que também significa uma luta. Abrão coloca uma última pedra ao pé do altar e então se ajoelha para orar. Semanas se passam e Abrão continua a sentir a falta do sobrinho. Um dia, enquanto ora, ele baixa os olhos para o vale e fica surpreso ao ver uma figura solitária caminhando em sua direção. Parece Lemuel, o pastor de Ló. Embora ainda esteja muito longe, Abrão consegue ver que ele está mancando e puxando um dos lados do corpo.
Abrão desce correndo a colina e segue a passos rápidos até a figura que se aproxima. Lemuel arrasta os pés até ele, quase sem forças. Suas roupas estão em farrapos. Sangue seco cobre sua pele. Seu rosto está ferido e sujo. Quando vê Abrão, ele para e cambaleia, como se estivesse prestes a desmoronar.
– O que aconteceu? – pergunta Abrão, chocado.A_biblia
– Não tivemos a menor chance. Havia muitos deles – geme Lemuel, caindo ao chão. – Fomos parar no meio de um conflito entre grupos rivais da região. Meu rebanho se perdeu. Até a última ovelha.
Abrão retira seu odre do pescoço e o entrega para o pastor, que bebe a água com avidez. Ele espera que Lemuel termine antes de fazer mais perguntas. Olha bem no fundo dos olhos do pastor, sem desviar o olhar nem por um instante.
Lemuel sabe no que Abrão está pensando e, ao entregar de volta o odre, sua voz fica embargada de agonia.
– Ló está vivo – diz ele. – Mas eles o capturaram.
Abrão fica horrorizado.
– Ele me ajudou a fugir – prossegue Lemuel – para que eu pudesse encontrá-lo e implorar por sua ajuda.
Hagar, no esplendor de sua juventude e vitalidade, chega com uma tigela d’água. Ela mergulha um pano na água e o torce, em seguida abrindo a túnica de Lemuel para limpar uma ferida em um dos lados de seu corpo.
Mesmo se encolhendo de dor, ele não desvia o olhar de Abrão.
– Você é nossa única esperança – diz o pastor.
A minissérie estreia hoje (16/10) às 21h45 na rede Record.